Entrevista da Semana

Geral
Guaíra, 5 de novembro de 2017 - 10h37

Gracia: a dedicação pelo bem ao próximo

Gracia Regina dos Santos Casado de Lima, casada com Valci Casado de Lima, mãe de Gabriel e Alline. Formada em Serviço Social, desde 1983, pela Faculdade Metropolitana Unidas de São Paulo. Gracia tem nove irmãos, todos em São Paulo, tem 31 sobrinhos e bendiz o legado deixado pelos pais de muito trabalho, honestidade e amor ao próximo.

 

Porque você escolheu o Serviço Social?

Eu já fazia um trabalho no Movimento de Jovens da Igreja, trabalhos estes de arrecadações, na Igreja Santo Antônio do Bairro do Limão, em São Paulo. Fui catequistae comecei a gostar de trabalhar com as questões sociais. Fiz vestibular paras dois cursos, o de Serviço Social e Psicologia,como a Faculdade Metropolitana Unidas mostrou o resultado primeiro, já fiz a matrícula,mas também havia passadona PUCem Psicologia e acabei optando pelo Serviço Social. Acho que já estava traçado no meu destino…

 

Como você escolheu residir em Guaíra?

Assim que me formei, em São Paulo, fazia estágio na favela da Vila Prudente, já tinha me casado, as crianças já tinham nascido, meu esposo resolveu vir para Guaíra, porque já havia alguns trabalhos com a Olma e como não tínhamos nenhuma propriedade na Capital, pagávamos aluguel e havia muita violência, ele resolveu vir para o interior porque teria a oportunidade de montar um escritório de representação de produtos que ele vendia. Assim, viemos para Guaíra e estamos aqui há quase 27 anos.

 

E este seu trabalho com a população mais carente?

Em 1994/95, prestei um concurso público, mas passaram as quatro profissionais que já estavam atuando nesta área: a Mirian, Luciana, Cecília eLucilia. A Mirian me chamou para trabalhar no Programa do Estado de São Paulo “Brasil Criança Cidadã” e no programa “Migrante itinerante” que era do Albergue Municipal, aí o saudosoSr. Amador, por quem tenho muita consideração, me contratou como Assistente Social. Então, iniciei trabalhando primeiramente com as crianças do Projeto Criança cidadã, no S.O.S. Nesta  época precisamos fazer a terceirização dos cursos porque não havia computadores, implantamos o curso de Inglês, pois naquelemomento o S.O.S somente entregava óculos e medicamentos doados pela população. No Albergue, começamos a desenvolver um projeto do “Migrante itinerante”. Esses migrantes são pessoas que passam de Estado em Estado, dentro do país, procurando meios de sobrevivência e o morador de rua, que são mais trabalhados dentro dessas unidades que o Governo do Estado de São Paulo, na época, encampou, que consiste em dar um atendimento e oferecer meios de sobrevivência para esta população moradora de rua.

 

Trabalhando com estas pessoas mais carentes, existem muitas histórias de superação?

Na verdade eu tenho muita empatia com esta população de rua de Guaíra. Havia um sistema de acolhimento no Albergue Municipal, que os moradores de rua faziam refeição, a higiene pessoal oferecendoaté mesmouma atividade para eles, paradescobrirem alguma coisa para e dar significado à vida. Eu conheço muitos deles há muitos anos. Até hoje, encontro alguns ainda em situação de rua, infelizmente. O atendimento dado no Albergue nos dava a possibilidade de termos um contato muito grande com estas pessoas… A gente verifica o sofrimento desta população, a situação que leva a se tornarem moradores de rua, muitos motivados pelos vícios de alcoolismo, de drogas, mas são seres humanos que precisam de um olhar especial. Até hoje, há uma relação de afeto, foram muitos anos de contato com eles. Há situações ainda de famílias, que estão migrando com crianças e, se não tiver este acolhimento nas cidades, para dar alguma oportunidade deles terem uma nova visão devida, fica muito difícil. Algumas dessas pessoas conseguiram se instalar, não em Guaíra, outros foram acolhidos pela família e conseguiram sair dessa situação de risco, há ainda os que estão doentes, acamados, infelizmente.Mas também há aqueles que se recuperaram, o que é gratificante.

 

Hoje você trabalha exatamente onde?

Hoje sou Funcionária Pública, assistente Social do Sistema de Saúde, na Secretaria de Saúde,somos quatro assistentes sociais e atendemos a comunidade nas unidades básicas de Saúde, mas há o territórios que cada Assistente Social trabalha, tem a Cristina, Maria Elza, Ana Carolina, Cecília e eu… Fazemos o atendimento à população, no meu caso, trabalho na Vila Aparecida, Jardim Elisa e vamos cobrindo quem está afastada por motivos de saúde. Nosso trabalho é fazer o atendimento para a liberação de medicamentos de alto custo que não têm na Rede Pública – que são medicações que o município proporciona através do serviço Social -assim como fraldas para a população mais idosa, alguns leites especiais para crianças, que também não têm na rede.

 

Traz angústia saber que determinada pessoa ou família só terá atendimento dependendo de um laudo da assistente Social?

Muitas vezes nos sentimos constrangidas porque temos que oferecer somente o que o município oferece. Muitas vezes notamos que a situação requer uma ajuda a mais. Isto frustra. Fornecemos dentro do que é limitado. Não podemos liberar sem o consentimento, o aval e autorização do Secretário de Saúde. Quando a família necessita a mais, fazemos todas as orientações possíveis para pessoa conseguir, recorremos ao Secretário para ver se podemos proporcionar alguma coisa a mais para esta pessoa. Como faço parte de um clube se serviço, fazemos campanhas visando ajudar a população, com próteses, cadeiras de roda e muletas.

 

Falando neste assunto de colaboração, você é presidente do Rotary Club?

Sim, através do Rotary Club de Guaíra tentamos também ajudar, fazemos campanhas, buscamos parcerias. Já fiz parte do Clube Leões do Brasil, há muitos anos, junto com meu esposo. Em 2013, fiz parte do Rotary como secretária, hoje sou Presidente para a gestão 2017/2018, junto com meus companheiros. Com o lema “O Rotary faz a diferença”, desenvolvemos trabalhos na comunidade pensando em “servir antes de pensar em si”. É uma tarefa, prazerosa mas vem com muita responsabilidade. Além dos nossos compromissos diários, temos que levar o Clube à frente, junto ao Distrito 4540. O Rotary atua em 219 países e é o único Clube de Serviço que tem uma cadeira cativa na ONU. É também o clube de Serviço mais antigo, vai fazer 113 anos e trabalha na erradicação da poliomielite, com o fornecimento de vacinas, na África e Afeganistão, por exemplo. Participamos, no Brasil das vacinações, das campanhas de prevençãodo Câncer de Mama e de próstata também.

 

As campanhas do Rotary

Acabamos de finalizar uma campanha para as crianças, oferecemos, junto com o Gilmar e os Cabeleireiros Amigos doBem, (que fazem cortes de cabelos gratuitos em diversos bairros), além dos cortes de cabelos, alimentação, passeio na carreta da alegria, brincadeiras, gincanas, brindes… Foi muito bom. Como não podemos parar, estamos prestes a fazer mais uma campanha, no Salão Paroquial da Vila Aparecida,dia 9 de novembro, com muitos brindes em dinheiro e mais brindes, tudo em favor da AAAG – Associação dos Amigos dos Animais de Guaíra – que faz um trabalho maravilhoso com os animais abandonados.

 

A Gracia pensa em se aposentar?

Por enquanto não! Como trabalhei por 7 anos no Albergue, sem registro, mas trabalho desde os 14 anos, a aposentadoria está meio distante.

 

Se tivesse o poder de trazer uma pessoa que está no plano espiritual só para um abraço, quem você traria?

Meus pais! Sei que os dois estão bem no plano espiritual, mas eu os traria para um último abraço.

 

Agradecimento

Gostaria de agradecer de todas as pessoas do meu convívio, meus companheiros do Rotary Club, porque também sei que sozinha ninguém faria nada, pois eles são meus parceiros em todos os momentos e temos muitos trabalho pela frente… Gostaria de pedir aos políticos de Guaíra para colocar o coração à frente de suas decisões, para ajudar a nossa população a ter uma vida melhor. Sei que é difícil governar, e agradar principalmente, não é fácil, mas desejo ao nosso prefeito e toda a sua equipe toda boa sorte, sei que se pode fazer muito com o pouco… Que coloquem o coração na frente para ter essa visão de enxergar a população e não achar que essa população já deve ser agradecida. Não é isso, estamos aí para melhorar a vida de todas as pessoas porque melhorando a delas, estaremos melhorando a nossa também. Amo Guaíra,não mudaria daqui porque aqui estão as duas pessoas que mais amo nesta vida, meus filhos, minha razão deviver. Eles então seguindo o caminho deles e rezo por eles todos os dias para que o Anjo da Guarda os encaminhe para o bem.

 


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