Secretário de saúde rebate denúncia de vereadora sobre médico do ambulatório

Os vencimentos de março e abril foram pagos ao profissional de saúde no último dia 20 de junho. Jorge Uatanabe disse que Maria Adriana “mentiu” em seu pronunciamento, pois não foram cinco, mas sim “dois meses de atraso”

Cidade
Guaíra, 30 de junho de 2018 - 08h21

 

 

 

 

 

 

Durante pronunciamento na sessão ordinária da Câmara Municipal de Guaíra, na última terça-feira, dia 26, a vereadora Maria Adriana de Oliveira Gomes, dentre suas considerações, afirmou que o médico responsável por analisar e emitir os laudos dos exames de raios-X estaria sem receber seus vencimentos há cinco meses.

Segundo a parlamentar, esta seria a justificativa para que o profissional não emitisse os laudos dos exames de raios-X feitos pela população, por meio do SUS (Sistema Único de Saúde). “Ele não está errado, já que está sem receber há 5 meses. É com isso que o prefeito tem que se preocupar”, disse Maria Adriana.

Entretanto, o Secretário da Saúde, Jorge Uatanabe do Prado, foi procurado para confirmar esse atraso e o mesmo alegou que os pagamentos aos profissionais do ambulatório são feitos pela Santa Casa de Misericórdia de Guaíra e que todos os repasses da prefeitura ao hospital estão em dia. “O serviço é contratualizado, ou seja, o médico recebe por procedimento feito, no caso específico, o pagamento é feito à Clínica de Diagnósticos do referido especialista”, alegou.

Jorge também encaminhou documentos, como comprovante de transferência e declaração do médico informando que recebeu os valores pendentes relativos aos meses de março e abril, no último dia 20 de junho. “O mês de maio, conforme calendário do SUS foi fechado no último dia 25, estando ainda no período correto para pagamento”, contou.

O secretário foi enfático ao dizer que Maria Adriana “mentiu” em seu pronunciamento. “A Santa Casa atrasou em dois meses o pagamento, o que é uma falha, mas não foram cinco meses conforme afirmado pela vereadora. Ela mentiu na sua informação para fazer sensacionalismo para a população”, observou Uatanabe.

“Esta vereadora está no palanque eleitoral permanentemente. Ao falar que o prefeito tem que resolver o problema da Santa Casa, ela se esqueceu de citar que o hospital só está nesta situação em virtude da má gestão da administração passada da qual ela fazia parte. Como secretária da Assistência Social e conhecendo as carências da população ela poderia ter interpelado ao prefeito anterior para que não deixasse o hospital quebrar”, continuou o secretário.

Respondendo ainda ao posicionamento de Maria Adriana, Jorge foi acentuado ao associá-la à gestão petista. “Antes do prefeito anterior assumir a prefeitura, a Santa Casa caminhava com dificuldades, mas tinha uma dívida administrável. Em quatro anos, esta dívida evolui para milhões e agora a vereadora quer que o atual governo resolva, em pouco mais de um ano, um problema que eles levaram anos para causar. Ela pode ficar tranquila, nossa gestão é séria. Vamos continuar cuidando com carinho do nosso hospital e vamos consertar o que eles destruíram. O nosso povo não vai ser abandonado, como foi na gestão passada, na qual a vereadora foi parte atuante e poderia ter trabalhado para que a cidade não chegasse a esse ponto”, finalizou o secretário.

RESPOSTA VEREADORA

Em resposta às declarações do secretário, a vereadora Maria Adriana de Oliveira Gomes esclareceu que recebeu a denúncia de moradores “que não receberam os laudos dos exames e justificaram que o motivo da não entrega seria que o médico responsável estaria sem receber seus salários há cinco meses”.

“Muito estranho este ataque por parte do Secretário de Saúde. Não jogam pedra em árvore que não dá fruto. Até vereadores da bancada de situação já criticaram este atraso e em nenhum momento houve esta reação desesperada na tentativa de desconstruir minha imagem. Se querem me intimidar, desistam, porque aqui tem estrutura para rebater dentro da ética e da legalidade”, disse em nota oficial.

“O próprio Secretário de Saúde confirma que os pagamentos para o médico estavam atrasados desde o mês de março. No dia 20, foram efetuados dos meses de março e abril, conforme comprovante. Mesmo com o de abril, ainda estão em atraso os meses de maio e junho. Este atraso é alvo de críticas da classe médica e de outros vereadores que já denunciaram que o valor da prefeitura é repassado para o hospital, mas os médicos não recebem seus salários conforme determina a contratualização”, continuou.

Maria Adriana ainda ressaltou que não mentiu quando retratou o ocorrido durante a sessão. “Ora, um médico que não recebe seus salários desde março não é obrigado a continuar prestando serviço. Que profissional com salário atrasado desde março deste ano continuaria a prestar serviço? Em nenhum momento menti, apenas citei cinco meses, o que na verdade são três e no início de julho completará quatro meses de atraso. E, três meses de atraso salarial na vida de qualquer profissional é inaceitável, ainda mais se tratando de médico que lida com a saúde da população, principalmente a mais carente”, pontuou.

A edil também rebateu sobre o “sensacionalismo”. “Se defender os direitos do cidadão é sensacionalismo, vou continuar agindo desta forma. Um secretário que não sente na pele o que o povo passa na sua área e nem ao mesmo procura uma solução, ou é omisso, ou irresponsável. Se não existisse atraso, tudo bem, mas ele mesmo confirmou que desde março este médico não recebe. Neste caso, quem faltou com a verdade? Quem está mentindo ou foi omisso?”

Sobre a possível falha da Santa Casa quanto ao atraso de dois meses, citada por Jorge Uatanabe, Maria Adriana revelou: “Se um médico que presta serviço para o município é pago por meio do hospital não está recebendo desde março, o mínimo que o secretário e o prefeito deveriam fazer é cobrar uma posição do hospital. Eu pergunto: se fosse o secretário de Saúde que ficasse sem receber desde março, ele estaria trabalhando contente ou já teria jogado a toalha e ido para a sua farmácia cuidar do seu negócio? Neste caso específico, não fazem boa gestão do dinheiro público e quem paga o preço é o cidadão guairense.”

A respeito de não “descer do palanque”, a parlamentar contestou: “O plenário da Câmara não é palanque eleitoral, é o local de defesa dos direitos do cidadão. É onde combatemos omissões como esta que o senhor está praticando. Se minha postura de defender o cidadão é palanque eleitoral, vou continuar até o fim do meu mandato. Sobre minha passagem pelo governo anterior, quero dizer que cumpri com meu papel, cumpri meu horário de trabalho e fui exclusiva da área de Assistência Social. Quer me criticar, aponte as ações da pasta que gerenciei. Naquela ocasião não era prefeita, e sim gestora de uma área, assim como o senhor. Não é justo responsabilizá-lo por erros que não são do seu setor. Agora, está na hora do senhor, do prefeito e apadrinhados pararem de ficar olhando no retrovisor e começarem a trabalhar, a resolver os problemas da população. Já fazem 18 meses de governo e até agora não mostraram o governo de excelência que tanto prometeram em palanque. Enquanto vocês tem acesso a planos de saúde, a remédio a vontade na prateleira, o povo padece e recorre a nós vereadores que somos a voz da população. Não olhe para o passado, olhe para o presente e pense principalmente na população, para quem vocês tem que prestar contas”, concluiu.


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